segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O período pré-colonial (1500-1530)

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O primeiro período historiográfico brasileiro é o colonia, que vai de 1500 até 1822. É um período vastíssimo, e sua característica principal é justamente o fato de o Brasil estar declaradamente em condição de colônia lusitana. Iremos estudar, com o máximo de precisão que formos capazes, segundo a extensão de nossas fontes, cada parte dessa etapa na história de nosso país.
O professor Schiavone começa observando que as características principais, no âmbito econômico e social, são que o país era monocultor, i. é., desenvolvia uma única cultura de produção que era exportada, que, por sua vez, é a segunda característica do período e, por fim, foi um período escravagista.
Vamos fragmentar o período, seguindo a dica desse professor, para compreendê-lo melhor. Desta vez falaremos do período pré-colonial, que corresponde aproximadamente aos 30 primeiros anos após a 'descoberta'.

O PERÍODO PRÉ-COLONIAL

Nesse primeiro momento, os portugueses não se importaram em colonizar as terras descobertas, ou, como coloca o professor Fábio Costa, não éramos nem desconhecidos e nem colonizados. Woloski explica que não haviam fundado cidades, sistemas burocráticos de tributos e orgãos políticos e administrativos. Em suma, temos um período em que, segundo Schiavone, os portugueses, embora interessados em metais preciosos e diamantes, 'só' encontram meio de exploração na extração do Pau-Brasil. Costa acrescenta que, afora essa expectativa por metais preciosos, os portugueses tinham os olhos voltados no comércio de especiarias no encalço das Índias e, somente quando essa empresa começa a ficar cada vez menos lucrativa é que passam a pensar em outras fontes de lucro.
O professor Fabiano entende que a atividade em torno do pau-brasil, sendo essencialmente extrativista, não favorece a mentalidade colonizadora, pois essa demanda uma cultura de subsistência, ou, que seja, plantio em si. Por isso, nada de colonização. Neste primeiro momento, conta-nos Schiavone, ao longo da costa leste brasileira, são erigidas feitorias como depósitos de Pau Brasil (sistema de armazenamento já usado nas colônias africanas, lembra Woloski). "Entre 1502 e 1504, criaram-se feitorias em Cabo Frio, na Bahia e em Pernambuco" (DEL PRIORI, VENANCIO, p. 40). Quem levava o Pau Brasil às feitorias eram os próprios índios que aqui habitavam. É interessante observar que eles, nesse período, trabalhavam de forma livre e voluntária, ou seja, não eram escravizados. Eram pagos, segundo o professor, com quinquilharias, o que denominamos 'escambo'.
Fábio Costa notifica-nos que o pau-brasil tinha, além da conhecida e batida utilidade para fornecer 'tintura', também serviu para a construção civil, tendo sua madeira sido usada para construção de imóveis em terras lusitanas. Mas Woloski também diz que os portugueses comercializavam o pau-brasil, vendendo-o para os franceses que, particularmente, utilizavam a tinta.
Rodrigo Woloski afirma que, com a extração do pau-brasil, incentivada pelos portugueses, começou a devastação da mata atlântica. Isso fomenta a impressão de que os índios eram bons samaritanos, naturalistas natos, em plena harmonia com a natureza. Leandro Narloch não está muito satisfeito com essa perspectiva: "As tribos que habitavam a região da mata atlântica boavam o mato abaixo com facilidade, usando uma ferramenta muito eficaz: o fogo [...] Depois de alguns anos se empobrece. Pragas e ervas daninhas tomam conta. Coo não havia enxadas e pesticidas e ninguém sabia adubar o solo, procuravam-se outras matas virgens para queimar e transformar em roças. [...] A devastação foi maior na áreas mais povoadas. Nas florestas próximas ao litoral, os índios devem ter queimado a mata pelo menos duas vezes por século" (NARLOCH, p. 52). Isso, claro, apenas contando as queimadas para fins agrônomos. "O fogo usado para caça foi igualmente destruidor, já que a agricultura não era o forte dos índios brasileiros. É verdade que havia pequenas lavouras, principalmente de mandioca, mas ninguém imaginava fazer plantações intensivas ou métodos sistemáticos de colheita, replantio e rotação de culturas" e Narloch continua com um argumento ainda mais decisivo: "Havia outro empecilho: grandes reservas de comida atraíam invasores, provocando mais guerras e mais mudanças - não valia a pena investir numa área que talvez tivesse de ser abandonada a qualquer momento", portanto, usavam as queimadas pois "a grande vantagem do fogo era facilitar a caça" (NARLOCH, p. 53).
Costa segue nos informando que os lucros do pau-brasil não foram suficientes, segundo as expectativas lusitanas. De repente, Portugal estava em crise econômica por perder o monopólio do comércio das Índias (na década de 20, segundo Woloski). Outros países europeus começam a chegar às Índias. Daí, Portugal tem que empreender mais gastos para proteger e garantir seus postos e territórios conquistados. Na África, constrói-se mais fortes e arregimenta-se mais soldados. Assim, o comércio com as Índias, outrora lucrativo, agora começava a dar prejuízo.
Woloski nos lembra que haviam várias expedições de reconhecimento da terra, de mapeamento, como também expedições para garantir a propriedade da costa, do litoral brasileiro. Afinal, outras nações mercantilistas também passavam por aqui e interessavam-se muito pelo que estas novas terras tinham a oferecer. Era, preciso, pois, proteger a terra, e esse é mais um motivo para que as coisas mudassem.

O FIM DO PERÍODO PRÉ-COLONIAL



 "No fim de 1520 acumulavam-se na mesa real pedidos de gente que queria se estabelecer aqui. A promessa de 'ganhar uma terra que não tem nenhum proveito e conquistá-la' era muito utilizada. Outro argumento era o de que a instalação de algumas povoações evitaria que os índios vendessem pau-brasil a estrangeiros" (DEL PRIORE, VENANCIO, p. 40). O comércio das especiarias já não era mais viável. O Brasil passou a ser visto com outros olhos. Era, pois, uma possibilidade a ser explorada e, então, tanto para esse fim quanto para, definitivamente, salvaguardar sua propriedade sobre as terras tupiniquins, resolveram criar morada por aqui.
Rodrigo Woloski notifica-nos que vieram em 1532 e fundaram a vila de São Vicente, no litoral de São Paulo. A primeira expedição comissionada pela corte lusitana foi a de Martim Afonso de Souza e foi sob seus auspícios que se fundou São Vicente. Ali trouxeram o primeiro engenho de cana de açúcar, que mudaria o foco extrativista das terras brasileiras. Uma nova empresa surgia. Daí pra frente iremos ver como as coisas foram alteradas. Mas podemos dizer que a colonização, de fato, começa aqui.
[continuação]
BIBLIOGRAFIA

COSTA, Fábio. História do Brasil - Aula 1: Navegações Portuguesas e Período Pré-colonial. Acessado no dia 23/07/2014, em: https://www.youtube.com/watch?v=5tuK1c_51rw.

DEL PRIORI, Mary; VENANCIO, Renato. Uma Breve História do Brasil. São Paulo: Editora Planeta, 2010, 320p.

PROFESSOR FABIANO. Literatura do Brasil. Aula 2 - Literatura e Situação Colonial. Acessado no dia 01/09/2014 em: https://www.youtube.com/watch?v=EoxeGMYIbas

NARLOCH, Leandro. Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil. São Paulo: Leya, 2009, 320p.

SCHIAVONE, Alexandre. História - Aulo 1: Período Colonial Brasileiro. Acessado no dia 01/09/2014, em: https://www.youtube.com/watch?v=ouq9tU5DUOc&list=PL-5888xShjYp6bkqJ9Ro5Z6h_LH8P4kkm&index=2

WOLOSKI, Rodrigo. História do Brasil - Aula 2 Período Pré-Colonial. Acessado no dia 01/09/2014, em: https://www.youtube.com/watch?v=iP99XK83Kzk&list=PLF2J-8QoLzYG93_TqdDCoJnPspo0ds7q3&index=21


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