quarta-feira, 21 de maio de 2014

O Período Helênico


FILIPE II E A MACEDÔNIA

Pois bem, já estamos cientes de que, depois da Guerra do Peloponeso, Esparta inverteu a situação e passou a dominar sobre a Magna Grécia, oprimindo como Atenas fazia. Vários conflitos surgem, então, entre as cidades-Estados. Observamos, no final do artigo sobre Atenas, que tais ‘guerras civis’, tais conflitos internos na Hélada acabariam por enfraquece-la. E lá estava alguém que aproveitaria essa situação. Estamos falando de Filipe II, rei da Macedônia e, futuramente, de seu filho Alexandre o Grande.
*1Os comandantes atenienses cometeram um erro estratégico e sofreram a derrota. Atenas fora vencida e submetida a Esparta. Após isso, Tebas e Esparta foram que se digladiaram pelo domínio da Grécia. Mas em 359 a. C. um jovem de 23 anos, na Macedônia, tornou-se rei e em duas décadas reconfiguraria a Grécia. Seu nome era Filipe II, que viveu de 382 a 336 a. C. Os macedônios eram de origem grega também, mas eram considerados pelos gregos das cidades-estados como incivilizados. Lutaram com bárbaros por muito tempo, e passaram a ser considerados bárbaros também. Mas em vinte anos Filipe havia-os organizado e transformado eles em uma verdadeira máquina de guerra*2.
Durant nos informa algo sobre a formação de Filipe II: “Em sua juventude em Tebas, ele aprendera as artes da estratégia militar e da organização civil com o nobre Epaminondas” (DURANT, p. 58).
Filipe fez alianças com as cidades-estados vizinhas e construiu um exército macedônio, tornando a ocupação militar um ofício integral e treinando-os arduamente. “Seu povo era formado por vigorosos camponeses guerreiros, ainda não afetados pelo luxo e pelo vício da cidade: ali estava a combinação que tornaria possível a sujeição de uma centena de pequenas cidades-estados e a unificação política da Grécia” (DURANT, p. 58). Entretanto, o ponto alto de Filipe fora uma tropa de engenheiros militares. Filipe combinava cavalaria com infantaria. O pilar da infantaria era uma formação chamada ‘falange’, que se tratava de um grupo retangular de soldados que marchavam muito rápido. Na verdade a ‘falange’ era usada a muito tempo, mas Filipe II introduziu uma arma longa chamada ‘sarissa’ (uma lança de uns 5 metros), e a falange tornou-se um tanque de guerra.
Mas era a tecnologia bélica que tornava Filipe II invencível. Os gregos nunca haviam sido bons em técnicas de cerco. Cerca de 400 a. C., talvez um pouco depois, eles fizeram um upgrade. Então os gregos criaram um arco que utilizasse não apenas a força do braço, mas de todo o corpo. Eram os ‘gastrafetes’. Também criaram a ‘catapulta de torção’. Criaram um aparelho semelhante a um gastrafetes mas que era montado sobre uma plataforma, e o chamaram de ‘lança-dardos’ ou ‘oxibeles’. Ele podia perfurar escudos e armaduras ao alcance de 400 metros! Era o que ainda chamamos de ‘catapulta’, que etimologicamente significa ‘perfurador de pele’.
Durant nos informa sobre a importante conquista da Trácia em 356 a. C., que “lhe dera o controle de minas de ouro que de imediato começaram a lhe render uma quantidade do precioso metal dez vezes maior do que a que chegava a Atenas vinda das decadentes minas de prata de Lauríon” (DURANT, p. 58).
Em 338 a. C. sua vitória contra Atenas e Tebas (em conjunto, na batalha de Queroneia) o tornou o senhor absoluto da Grécia. Mas suas ações após a guerra é que indicariam como ele governaria as terras conquistas, a despeito de sua reputação de bárbaro. Filipe deixou os atenienses voltarem pra casa. Convocou um conselho em Corinto e convidou outras cidades-estados e, diplomaticamente, deixou-as voltar às suas rotinas.
Filipe afeiçoou-se à cultura grega ateniense, convidou filósofos à Macedônia e até sua corte falava o grego ateniense. Ele não queria destruir a Grécia. Antes, queria ser a Grécia. Agora, como rei da Macedônia e Grécia, estava prestes a realizar seu sonho, sua maior ambição, que era invadir o império persa. Mas, pouco antes de ir para a Pérsia, participou de uma celebração pública e, marchando à frente, ‘para provar que não temia a ninguém’, um guarda-costas avançou e encravou um punhal em seu peito. Aos 46 anos estava morto o homem que unificara a Grécia. Não sabemos se fora um assassino solitário ou alguém que fazia parte de uma conspiração. Fora morto, quando tentava fugir, pelos guardas de Filipe*3. Mas seu sonho de dominar a Pérsia não esmoreceu-se, antes, fortaleceu-se com seu filho, de então 20 anos, Alexandre. Este haveria de usar o exército e a tecnologia grega em prol de um projeto ainda mais ambicioso do que o de Filipe II: transformar o mundo em um mundo grego.

ALEXANDRE, O GRANDE

Alexandre vivera de 356 a 323 a. C. Fora um excelente comandante de guerra. Certamente havia herdado um exército formidável, mas foi um ótimo condutor desse tão competente exército, e isso mesmo quando era muito jovem.
O professor Holanda nos fala de uma tentativa, da parte da Grécia, de conquistar independência da Macedônia por ocasião da morte de Filipe II. Quando os gregos viram que um jovem, supostamente inexperiente, é quem governava a Macedônia, resolveram digladiar contra eles em prol de sua liberdade e se deram muito mal. Ninguém imaginaria que Alexandre tinha a competência que tinha. Foram vencidos.
De onde vinha toda essa competência de Alexandre? O professor Holanda nota que Alexandre fora um grande intelectual. Seu pedagogo foi Aristóteles! Pouco antes da batalha contra os atenienses em Queronéia, Filipe II havia convocado o grande filósofo para instruir seu filho*4. Alexandre, com toda sua informação e formação cultural, percebeu que a dominação pela força tinha um custo muito alto, envolvia muitas perdas humanas, e tinha pouca durabilidade. Foi por isso que ele agiu diferente.
Aliás, a respeito da formação intelectual de Alexandre precisamos fazer algumas ressalvas. Durant nos fornece algumas pistas para cogitarmos sobre a mentalidade imperialista presente em Alexandre serem oriundas de seu pai. Vejamos uma citação do historiador: “Filipe não simpatizava com o individualismo que incrementara a arte e o intelecto da Grécia, mas que ao mesmo tempo desintegrara a sua ordem social; em todas aquelas pequenas capitais, ele via não a exuberante cultura e a arte insuplantável, mas a corrupção comercial e o caos político; via comerciantes e banqueiros insaciáveis absorvendo os recursos vitais da nação, políticos incompetentes e oradores inteligentes enganando uma massa operosa e levando-a a tramas e guerras desastrosas, facções dividindo classes, e classes imobilizando-se em castas: aquilo, dizia Filipe, não era uma nação, mas apenas uma mistura de indivíduos – gênios e escravos; sobre aquele torvelinho, ele iria impor a mão da ordem e fazer com que a Grécia toda ficasse unida e forte como o centro e a base política do mundo. [...] planejava que ele e o filho deveriam dominar e unificar o mundo” (DURANT, p. 58-59). Portanto, é óbvio que Alexandre recebera, de herança do pai, a tarefa de unificar a Magna Grécia e, além dela, todo o mundo conhecido. Mas Durant também credita tal ímpeto unificador a Aristóteles. Plutarco nos informa que “Durante certo tempo Alexandre amava e venerava Aristóteles como se ele tivesse sido seu pai; dizendo que, embora tivesse recebido a vida de um, o outro lhe ensinara a arte de viver” (PLUTARCO apud DURANT, p. 59). É por isso que Durant sugere: “A história nos deixa livres para acreditar (embora devêssemos desconfiar desses pensamentos agradáveis) que a paixão unificadora de Alexandre derivasse algumas de suas forças e sua grandiosidade de seu mestre, o mais sintético pensador na história do pensamento; e que a conquista da ordem no reino político, por parte do discípulo, e no reino filosófico, pelo mestre, não passavam de lados diversos de um único projeto nobre e épico – dois magníficos macedônios unificando dois mundos caóticos” (DURANT, p. 59).
Então, em 334 a. C., Alexandre liderou seu exército, com mais de 35 mil homens, para combater o império persa. A Pérsia era uma superpotência que dominava o Oriente Próximo e a Ásia Menor. Os gregos invadiram pelo hoje conhecido território da atual Turquia. Mas, no decorrer das invasões, tinha um problema: não tinha esquadra, e tinha de enfrentar a esquadra marinha dos persas em terra. O fez fazendo cercos e dominando as bases navais persas.
Entretanto, Durant nos informa que a influência macedônica na Grécia não era exatamente louvada pelo povo: “Partindo para conquistar a Ásia, Alexandre deixou atrás de si, nas cidades da Grécia, governos favoráveis a ele mas populações resolutamente hostis. A longa tradição de uma Atenas livre e que já tinha sido imperial tornara a submissão – ainda que a um brilhante déspota conquistador do mundo – intolerável; e a virulenta eloquência de Demóstenes mantinha a Assembleia sempre à beira da revolta contra o ‘partido macedônico’ que detinha as rédeas do poder da cidade” (DURANT, p. 59). Chalita completa o quadro e amplia nossa compreensão sobre a influência das atitudes de Filipe II e Alexandre, o Grande, para com a Grécia: “As pólis haviam perdido muito de sua autonomia; antes, as cidades gregas eram praticamente autônomas, e naquele período tiveram de se subordinar à dominação macedônia, agora sob a forma de um imenso e poderoso império. Assim, o espaço público, que no passado era tão valorizado, perdeu muito de sua importância. Ao mesmo tempo, as conquistas de Alexandre Magno colocaram os gregos em contato com elementos culturais de diversos povos, introduzindo na Grécia novos conceitos sobre o mundo e o modo de viver e agir em sociedade” (CHALITA, p. 73).
Alexandre, então seguia pela costa do mediterrâneo cercando os portos que resistiam ao seu avanço. A fortificada cidade portuária de Tiro foi seu maior desafio. A princípio Alexandre tentou a diplomacia, mas sem sucesso. Tiro era uma ilha um pouco distante da costa, altamente fortificada. Alexandre não poderia deixar de vencê-la, pois mostraria ao mundo que não era invencível. Alexandre então construiu uma espécie de ponte larga e, por fim, promoveu uma Torre de Cerco. Eram torres cobertas de couro, portanto não-flamejantes, e que tinham oxibeles e outras catapultas que atiravam contra as muralhas de Tiro. As torres de cerco ficaram dias atirando contra as muralhas, e ao aproximarem-se os soldados em cima tentavam derrubar os soldados das muralhas que atiravam contra eles. Quando uma brecha foi aberta Alexandre desencadeou uma represália e tanto e venceu a cidade. Alexandre, depois, retoma sua jornada pela Palestina. Cada vez mais ambicioso, voltou seus olhos para o antigo grande império do mundo: Egito. Era uma cultura reverenciada por Alexandre. Mas, além da cultura, o Egito tinha uma produção de trigo essencial para alimentar o império em expansão de Alexandre. No Egito não houve represália pois não houve resistência. O proclamaram como filho de Amon, sua mais importante divindade, e como um Faraó. Fora considerado um libertador. Estava em 331 a. C., tinha lá seus 24 anos. Alguns observam que ele era extremamente vitorioso, e que as portas se abriam em sua frente como que por mágica. Então, é possível que ele se considerasse alguém realmente especial.
No fim do século IV a. C. temos o florescer de cidades gregas no rastro do exército de Alexandre. Serviam como centros administrativos mas, principalmente, divulgadores da língua e da cultura grega. Eram cidades com um modelo básico, divulgadoras da cultura helênica, i. é., grega, no mundo conquistado.
Em 325 a. C. Alexandre já havia conquistado terras até a Índia. Legou ao mundo, então, uma herança grega. Ele fazia com que soldados casassem com mulheres locais e permanecessem como funcionários do império. Cidades persas, egípcias ou indianas eram transformadas em cidades gregas. A mistura das culturas, essa cultura híbrida resultante, ficou conhecida como ‘helenismo’*5. Depois de Alexandre muitos povos adotaram costumes e língua grega. O professor Holanda amplia nossa compreensão sobre a helenização. Ele diz que Alexandre adotou o método da mistura cultural, ou seja, obrigou seus soldados a casarem-se com mulheres locais e ele mesmo casava-se com a princesa local, com a herdeira do trono, de modo que seu filho teria direito natural sobre o trono (pois era neto do rei) de modo que não precisaria usurpá-lo. Com o casamento dos soldados, os filhos recebiam orientação grega e oriental, de modo que havia um sincretismo cultural. O helenismo é essa mistura de culturas. Alexandre não desprezava a cultura do povo dominado. Antes, unia-a à sua cultura. Como a cultura grega era mais desenvolvida, predominava. A geração posterior não se revoltaria contra a Macedônia justamente por ser seu descendente. Nem mesmo os príncipes orientais se revoltariam contra Alexandre, pois eram seus herdeiros. Sem dúvida alguma, sagaz.
Tal helenização do mundo conhecido criou um fenômeno novo no mundo, como pondera Jostein Gaarder: “Começou então uma era completamente nova na história da humanidade. Surgiu uma comunidade internacional, na qual a cultura e a língua gregas desempenhavam papel preponderante” (GAARDER, p. 144). Essa comunidade internacional minou, na Grécia, o conceito de cidade-estado. Este processo trouxe também à Grécia suas influências e é o mesmo Gaarder quem observa o fenômeno: “Anteriormente, gregos, romanos, egípcios, babilônios, sérios e persas tinham adorado seus deuses dentro dos limites de suas próprias religiões. Agora, todas essas diferentes culturas formam misturadas num caldeirão, por assim dizer, de concepções religiosas, filosóficas e científicas. [...] Com o tempo [...] muitas divindades orientais também passaram a ser adoradas em toda a região do Mediterrâneo. Surgiram várias religiões novas, que tomavam emprestadas de diferentes culturas antigas suas concepções religiosas” (GAARDER, p. 145). Portanto, o helenismo iria trazer suas consequências filosóficas irrevogáveis.

A MORTE DE ALEXANDRE

Em 10 anos Alexandre criara o palco de domínio da cultura grega. Mas reis morrem, e Alexandre não era uma exceção. Morreu subitamente. Viajara conquistando, até a índia, durante 13 anos! Tinha um exército formidável, uma tecnologia de ponta e uma habilidade de angariar lealdade acima do comum. Mas forma 13 anos de marcha, e a lealdade fora leva ao limite. Rebelaram-se contra ele e recusaram-se a seguir em frente. Alexandre teve que voltar e parar a expansão de seu território. Voltando da Índia, pois, preparado para consolidar seu império, em 323 a. C., foi acometido de uma doença misteriosa. Alguns dizem que fora o resultado das cansativas viagens, da vida de soldado (e reza a lenda que ele vivia como todos os seus soldados, no meio deles). Outros dizem que bebeu até morrer. Sempre havia intrigas na corte macedônica e é uma hipótese que temos que considerar a de que ele tenha sido assassinado, afinal, seu pai também fora...
Após a sua morte os generais subsistentes começaram a disputar o império*6. A terra do Egito e da Palestina pertenceria ao general Ptolomeu I (387 – 283 a. C.) que erigira um império grego-egípcio que configuraria uma dinastia que duraria 300 anos. Ptolomeu I fez carreira como comandante militar e conselheiro de Alexandre. Almejava, agora, a porção mais rica e segura do império e o Egito era a joia da coroa do mediterrâneo. Os grãos ali produzidos faziam do Egito o celeiro do mundo antigo*7. Ptolomeu I queria assegurar-se como autêntico rei do Egito e também sucessor de Alexandre. Segundo a tradição macedônica, aquele que sepultasse o rei garantiria o direito ao trono. Ptolomeu I, pois, sequestrou o cortejo fúnebre de Alexandro e levou seu corpo, mumificado, para o Egito para a cidade de Alexandria, fundada por ele 15 anos antes. Ptolomeu levou o Egito a um alto nível e Alexandria tornou-se a capital intelectual e científica do mundo grego. Queria ela como uma nova ‘Atenas’. Alexandria situava-se na costa e era um bom ponto de comércio com outras cidades no mediterrâneo. Ptolomeu I mandou, pois, que se construísse o primeiro farol conhecido que podia ser visto a quilômetros pelos navios. Somente uma pirâmide era mais alta que o farol na época. Dizem que chegava a 91 metros. Outros ainda lhe atribuem 136 metros! Há rumores de tecnologias com espelhos e tudo o mais, mas não passam de especulação sem evidência. O mais provável é que era um farol normal, com luzes de fogo queimado dentro. Durou 1600 anos, golpeado por ventos, ondas e até terremotos. Em 1300 d. C. terremotos intensos o derrubaram. Em 1994 mergulhadores descobriram pedras enormes na enseada de Alexandria e logo constataram a existência do Farol.
Mas Ptolomeu foi mais longe. Uma empreitada ousada levaria muitas mentes brilhantes para sua capital cosmopolita: a biblioteca de Alexandria, que alegava possuir mais de 200 mil livros (outros dizem 500 mil, ou 700 mil!) sobre a cultura e o conhecimento. Era um lugar destinado aos estudos e à cultura. Ptolomeu pagou caro para estudiosos e escritores renomados para ali produzirem. Era o maior depositário de escritos do mundo antigo. Na Biblioteca e Museu (museu não era um lugar de exposição de arte, mas um centro cultural) de Alexandria que o conhecimento passou a ser considerado algo a ser acumulado e compartilhado.
Algumas descobertas feitas em Alexandria, 200 a. C., só seriam aceitas 1800 anos mais tarde. Lá já se dizia que a terra era redonda e um estudioso calculou a circunferência da terra errando por menos de um por cento! Um engenheiro na época já usava energia a vapor 1700 anos antes que alguém imaginasse uma locomotiva.
Reza a lenda, contada pelos reis ptolomaicos, que quando um navio chegava aos portos de Alexandria era inquirido se continha algum rolo, algum manuscrito. Se tinha, era levado à biblioteca e copiado e a cópia era entregue ao proprietário.

Embora Ptolomeu fosse um grego macedônio, o sucesso de sua dinastia deveu-se à sua assimilação da cultura egípcia. Sua família adotou costumes egípcios sem hesitar, e seu filho, Ptolomeu II chegou a casar-se com sua irmã, um costume nas famílias dos faraós egípcios porque entendiam que uma pessoa divina não podia casar-se com um mero mortal.
Bom, mas Ptolomeu I não passava de um humano, como todos os demais reis e faraós, e morreu, de causas naturais, sem ver todos os seus sonhos para Alexandria se realizar (antes que a Biblioteca e o Farol estivessem concluídos), em 283 a. C. Mas Alexandria continuava a florescer como polo cultural sob o governo dos descendentes ptolomaicos e muitos dos pensadores mais avançados da época saíam de lá.
Não se sabe como nem há consenso sobre quando, mas a Antiga Biblioteca de Alexandria pegou fogo e perdeu-se muito do que lá tinha.

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*1 O texto a seguir segue, basicamente, o documentário ‘Construindo um Império – Alexandre’, do Discovery Channel. Evidentemente complementamos o texto com outras fontes, indicadas quando for oportuno.
*2 O professor Holanda acredita que não eram os Macedônicos que eram fortes, e sim a Grécia que estava enfraquecida. Acreditamos que as eram as duas coisas que colaboraram para a conquista de Filipe II. O documentário da Discovery é muito convincente em provar o poderio militar dos Macedônios.
*3 Vejam como o professor Holanda apresenta, ainda, outras vertentes para a morte de Filipe II. Ele aponta que alguns dizem que seus generais, enfadados da centralização do poder de Filipe, teria o envenenado. Outros dizem que sua própria esposa o teria matado, por ciúmes. Por fim diz que a versão mais aceita é que o próprio Alexandre teria o matado. Alexandre, pois, teria antecipado a morte do pai para assumir o trono da Macedônia. Isso aconteceu (seja qual for a versão), quando ele, Alexandre, tinha 20 anos de idade.
A versão apresentada pelo documentário é representada no filme ‘Alexandre, o Grande’, do diretor Oliver Stone, produzido em 2004.
*4 “Alexandre, quando Aristóteles chegou, era um rebelde menino de treze anos; ardente, epilético, quase alcoólatra; seu passatempo era domar cavalos indomáveis pelos homens adultos. Os esforços do filósofo no sentido de esfriar o ardor daquele vilão que desabrochava não adiaram grande coisa” (DURANT, p. 59).
*5 Na ‘globalização’ temos um fenômeno semelhante. Temos uma língua comum, a língua do comércio, que é o inglês. O professor Holanda amplia esse ponto: O professor Holanda diz que o ocidente herdou essa metodologia de Alexandre. Por exemplo, hoje vivemos no imperialismo norte-americano. Somos obrigados a falar inglês; comemos comida americana; usamos roupas semelhantes... etc. Alexandre, pois, ensinou que a melhor forma de dominar o povo é através da cultura. O primeiro mundo, pois, domina o terceiro mundo usando-se apenas da imposição cultural pra tirar a riqueza do primeiro mundo.
*6 No capítulo IV da obra ‘O Príncipe’, Maquiavel dedica-se a dissertar sobre Alexandre, o Grande. Ele nota que é de se estranhar que Alexandre, o Grande, tenha conquistado a Ásia e logo tenha morrido e, o mais espantoso, que aquele vasto império não tenha se rebelado e subvertido a ordem estabelecida. Maquiavel nota que os generais posteriores perderam o poder por ambições pessoais, e não por dificuldades relacionadas às províncias conquistadas. Maquiavel, pois, tenta explicar o porquê de o povo conquistado não se rebelar. O que se segue, no capítulo, é basicamente o seguinte: Bom, todo estado governado por príncipes tem uma dessas características: ou é governado por um príncipe e servos indicados, ministros que lhe sejam fiéis (ao menos teoricamente); e príncipe e barões, os quais têm os últimos lugares próprios sob seu governo. No primeiro caso o povo reconhece como seu líder apenas o príncipe, e se submetem a seus ministros justamente por serem seus. Já no segundo caso os próprios barões são considerados e amados, e seus cargos não são concessões dos príncipes (ao que parece, Maquiavel os vê como hereditários). No caso dos principados em que o rei é absoluto e o único estimado haverá muitas dificuldades para conquista-lo, mas haverá grande facilidade para mantê-lo. No caso de um reino fragmentado haverá mais facilidade para conquista-lo, e proporcionalmente mais dificuldades para mantê-lo. Quem assaltar um Estado unificado não poderá contar com desordens internas nesse, com sedições e subversões. Irá enfrentar a todo o Estado junto mas, vencendo a batalha e dizimando a dinastia real, não há mais quem o povo devote amores, e não haverá mais o que temer.
Já o Estado fragmentado poderá haver desacordos internos e até alianças contra o poder instituído. Mas conquista-lo gerará muitas dificuldades pois, mesmo que a dinastia real seja eliminada, permanecem os barões, os ministros. Eles não podem ser eliminados e o povo sempre se encontra insatisfeito. Até mesmo os aliados na tomada do poder podem se tornar hostis.
Bom, quanto ao reino de Dario, era o caso do principado que reconhece apenas um rei. Conquistá-lo foi difícil para Alexandre. Mas, uma vez desbaratado o chefe máximo e silenciado sua dinastia, o povo se aquietou e se lhe devotou. Portanto, manter o poder nesses lugares depende mais de como eram.
*7 O que já havia acontecido nos tempos de José do Egito, conforme nos conta o texto Bíblico de Gênesis.


REFERÊNCIAS

CHALITA, Gabriel. Vivendo  Filosofia. São Paulo: Atual, 2002, p. 304.

DURANT, Will. A História da Filosofia. Tradução de Luiz Carlos do Nascimento Silva. Rio de Janeiro/São Paulo: Editora Record. 4ª ed., 2001, 406p.

DISCOVERY CHANNEL. Construindo um império – Alexandre o Grande. Acessado no dia 06/05/2014 em: https://www.youtube.com/watch?v=hFpaR1DV2hU

GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia. Tradução de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 560 p.

MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução de Maria Lucia Cumo. São Paulo: Paz e Terra, 15ª ed., 1996, 140 p.

HOLANDA. Grécia – período clássico/período helenístico. Acessado no dia 06/05/2014 em: https://www.youtube.com/watch?v=AqZn8mNEKzo 

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